02 de Fevereiro - Festa da Purificação de Nossa Senhora
1 - Encerramento do Ciclo de Natal
A festa deste dia, que encerra o ciclo natalício, é ao mesmo tempo festa de Jesus e festa de Maria: de Jesus, porque quarenta dias depois do nascimento é apresentado no templo por Sua Mãe, segundo a prescrição da lei; de Maria, porque se sujeita ao rito da purificação.
A liturgia celebra, antes de tudo, a primeira entrada de Jesus Menino no templo: «Eis que o Senhor, o Dominador, vem ao seu santo templo; alegra-te e regozija-te, saindo ao encontro do teu Deus» (BR.). Saiamos também nós ao Seu encontro, fazendo nossos os sentimentos do velho Simeão que «foi ao templo [Conduzido] pelo Espírito [de Deus]» e que, cheio de gozo, recebeu em seus braços o Menino Jesus.
Para solenizar este encontro, hoje a Igreja benze as velas e entregando-as; em procissão, com as velas acesas, entremos no templo. A vela acesa simboliza a vida cristã, a fé e a graça que devem resplandecer na nossa alma. Mas é também símbolo de Cristo, luz do mundo, «luz para iluminar as nações», como O saudou Simeão. A vela acesa recorda-nos que (levemos trazer sempre Cristo connosco, Ele que é fonte da nossa vida, autor da fé e da graça. E o próprio Jesus, com a Sua graça, nos !dispõe para irmos ao Seu encontro com mais fé e mais amor. Possa o nosso encontro com Ele ser hoje particularmente íntimo e santificante!
Jesus é apresentado no templo para ser oferecido ao Pai. Para Ele, o resgate não tem o mesmo valor que tinha para os primogênitos dos hebreus, pois Ele é a vítima que deverá ser imolada pela salvação do mundo. A Sua apresentação no templo é, por assim dizer, o ofertório da Sua vida; o sacrifício consumar-se-á mais tarde no Calvário. Ofereçamo-nos juntamente com Jesus.
2 – Apresentação de Jesus no Templo e Sujeição de Nossa Senhora ao Rito da Purificação.
Jesus é apresentado no templo por Sua Mãe; hoje, portanto, contemplamos Maria no seu papel de Corredentora. A Virgem não ignorava que Jesus era o Salvador do mundo e, através do véu das profecias, compreendera claramente que a sua missão havia de realizar-se num mistério de dor no qual, como Mãe, Ela teria de participar; Simeão, com a sua profecia: «Uma espada trespassará a tua alma» (Lc. 2, 35), confirmou-lhe. Maria, então, no segredo do seu coração, devia ter repetido o seu fiat: «Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc. 1, 38). Oferecendo o Filho, oferecia-se a si mesma, sempre intimamente unida à Sua sorte.
Mas antes de entrar no templo para apresentar Jesus, Maria quer submeter-se à lei da purificação legal. Embora esteja plenamente consciente da sua virgindade, coloca-se ao lado das outras mães e, confundida no meio delas, espera humildemente a sua vez, levando consigo «um par de rolas», que era a oferta dos pobres. Vemos Jesus e Maria submeterem-se a leis a que não eram obrigados: Jesus não precisava de ser resgatado, nem Maria precisava de ser purificada. Que lição de humildade e de respeito para com a lei de Deus!
Há leis a que somos obrigados e de cujo cumprimento o nosso amor próprio se exime sob falsos pretextos: são dispensas abusivas, reclamadas em nome de direitos que na realidade não existem. Humilhemo-nos e reconheçamos que se Maria não tinha necessidade nenhuma de se purificar, nós temos necessidade absoluta da purificação interior.
3 - Oração
Ó Jesus, pelas mãos de Maria quero oferecer-me hoje juntamente conVosco ao eterno Pai. Mas Vós sois a Hóstia puríssima, santa, imaculada, ao passo que eu estou cheio de manchas, de miséria, de pecados. Ó Maria, minha Mãe, a vós que, apesar de estardes isenta de toda a sombra de imperfeição, quisestes ser purificada, peço-vos que purifiqueis a minha pobre alma, para que seja menos indigna de ser oferecida ao Pai em união com o Seu e vosso Jesus. Ó Virgem puríssima, encaminhai-me vós mesma, para que a minha pusilanimidade não desfaleça perante a aspereza do caminho.
(Fonte: livro Intimidade Divina Meditações Sobre a Vida Interior para Todos os Dias do Ano, Pe. Gabriel de Sta. Maria Madalena, OCD, Edições Carmelitanas, Porto-Portugal, 2ª edição/1967, Festas Fixas, pp. 1437-1440 – Texto revisto, atualizado e destaques acrescidos)

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