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NOVENA DO SANTO NATAL - AS ANTÍFONAS DO Ó

  • Foto do escritor: Blog Schola Cantorum
    Blog Schola Cantorum
  • há 4 horas
  • 4 min de leitura


As Antífonas do Ó são uma das tradições mais bonitas do Advento. Elas fazem parte da oração da Igreja há muitos séculos, e embora suas origens não sejam totalmente claras, fontes indicam que já eram usadas no norte da Itália por volta do século VI. No século IX, aparecem com ênfase nos livros litúrgicos e já eram bem conhecidas entre monges e comunidades cristãs da época.


Ao longo da história, alguns lugares acrescentaram antífonas extras, como “O Virgo Virginum”, dedicada à Virgem Maria. Algumas comunidades chegaram a utilizar até nove ou doze antífonas, mas sete delas permaneceram as principais: O Sapientia (Ó Sabedoria), O Adonai (Ó Adonai), O Radix Jesse (Ó Raiz de Jessé), O Clavis David (Ó Chave de Davi), O Oriens (Ó Sol Nascente Justiceiro), O Rex Gentium (Ó Rei das Nações) e O Emmanuel (Ó Emanuel).


Com o tempo, definiu-se quando elas seriam rezadas/cantadas. Hoje, a liturgia fixa esse momento nos sete dias que antecedem o Natal: de 17 a 23 de dezembro. Na Liturgia das Horas, as Antífonas do Ó são rezadas/cantadas antes e depois do Magnificat, nas Vésperas.


O que as Antífonas do Ó nos revelam sobre Cristo?

Cada antífona nos apresenta um título bíblico do Messias. Nestes sete dias finais do Advento, a Igreja nos ajuda a olhar para Jesus a partir de diferentes ângulos: Sabedoria eterna, Luz do mundo, Rei das nações, Deus conosco, etc.


Esse conjunto forma uma verdadeira catequese. As antífonas unem Antigo e Novo Testamento, mostrando a realização das profecias em Jesus Cristo, Aquele que “se encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria e se fez homem”. (Credo Niceno-Constantinopolitano)


Vivemos o Advento sempre com dois horizontes: o Natal que celebramos e a segunda vinda que esperamos. As antífonas ajudam a manter esse olhar entre memória e esperança.


As sete Antífonas do Ó

1. O Sapientia — Ó Sabedoria (17 de dezembro)

“Ó Sabedoria, que saindo da boca do Altíssimo dispondes todas as coisas com força e suavidade: vinde ensinar-nos o caminho da prudência.”

A Sabedoria não é apenas “inteligência”, mas a forma como Deus age: sempre justa, caridosa e firme. Ela estava com Deus na criação. Essa mesma Sabedoria se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). A antífona nos lembra que Cristo é o verdadeiro condutor de sua criação. Por isso, o trecho é um convite: deixar que a Sabedoria eterna nos ensine a viver, decidir, amar e esperar.


2. O Adonai — Ó Senhor (18 de dezembro)

“Ó Adonai e guia da casa de Israel… vinde resgatar-nos com o poder do vosso braço.”

“Adonai” é o nome que o povo de Israel usava para falar de Deus. É um título carregado de história: é o Senhor que tirou o povo do Egito, que abriu o mar, que alimentou seus filhos no deserto.


Quando cantamos essa antífona, afirmamos: o mesmo Deus do Êxodo é Jesus Cristo, seu Filho Unigênito. Ele não apenas libertou Israel da escravidão física, mas liberta o homem da escravidão do pecado.


3. O Radix Jesse — Ó Raiz de Jessé (19 de dezembro)

“Ó Raiz de Jessé… vinde libertar-nos, não tardeis mais.”

Jessé era o pai do rei Davi. Da sua raiz viria o Messias. A imagem da raiz é carregada de simbolismo: sustenta, alimenta, dá origem e faz brotar nova vida. Mesmo quando tudo parece seco, Deus faz germinar algo novo, como profetizou Isaías: do tronco da Casa de Jessé brotará um rebento e de suas raízes um renovo frutificará; e naquele dia, a raiz de Jessé será procurada também pelos gentios, e seu lugar de repouso será glorioso (Is 11, 1 – 10).


4. O Clavis David — Ó Chave de Davi (20 de dezembro)

“Ó Chave de Davi… vinde livrar o prisioneiro das prisões das trevas.”

Cristo é apresentado como a Chave do Reino. Ele é quem abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre (Ap 3,7). Essa antífona toca profundamente a vida espiritual. Cristo abre a porta da misericórdia, da graça, do perdão e da vida eterna. E fecha a porta da condenação e da escravidão ao pecado.


5. O Oriens — Ó Sol nascente (21 de dezembro)

“Ó Sol nascente, esplendor da luz eterna… vinde iluminar os que jazem nas trevas.”

Essa antífona fala de Cristo como a luz que cresce quando tudo parece escuro. No tempo do Advento, a Igreja nos chama à vigilância, porque: a luz revela o que está escondido, cura o que está doente, aquece o que está frio e desperta o que está adormecido.


6. O Rex Gentium — Ó Rei das Nações (22 de dezembro)

“Ó Rei das Nações… vinde salvar o homem que formastes do barro.”

Aqui, Jesus é chamado de Rei de todos os povos e nações. O Verdadeiro Rei do Universo, cujo reino não findará. É o Rei que derruba os muros e constrói pontes. É o Rei que abraça todos os povos, línguas, culturas e histórias.


Cristo é o Rei que devolve dignidade ao ser humano, especialmente ao que sofre, ao excluído, ao migrante, ao esquecido.


7. O Emmanuel — Ó Deus conosco (23 de dezembro)

“Ó Emmanuel, nosso Rei e Legislador… vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus.”

Aqui chegamos ao coração do mistério cristão: Deus está conosco. Essa antífona é rezada na véspera do Natal e resume tudo o que celebramos: Deus, juntamente com seu Filho e o Espírito Santo, vive e está conosco, está presente em nós e conosco. O Emmanuel é a certeza que sustenta a vida espiritual: não estamos sós. Essa presença continua viva na Eucaristia, no Evangelho, na Igreja, nos sacramentos e em todos os seus filhos dispersos pelo mundo.


O que as Antífonas do Ó ensinam para a vida espiritual?

Elas são um presente precioso para viver bem o Advento. Por meio delas, aprendemos a: rezar com a Sagrada Escritura, especialmente com as profecias do Antigo Testamento; contemplar quem Jesus realmente é: Sabedoria, Senhor, Luz, Rei, Salvador;

manter o coração desperto entre o “já” e o “ainda não”: Ele veio, Ele vem e Ele virá.


As Antífonas do Ó são uma prática para preparar o nosso o coração para a chegada do Menino Deus, com a mesma abertura e confiança da Virgem Maria. As antífonas nos convidam a viver o Advento com mais profundidade e a reconhecer, dia após dia, que Cristo continua vindo ao nosso encontro.



Fontes consultadas: The O Antiphons: History, Theology and Spirituality, por Matthew Hazell; Catecismo da Igreja Católica (CIC); Liturgia das Horas e Ofício Divino; Bíblia Sagrada (Sb 7–8; Is 7,14; Is 11,1-10; Ex 3–14; Jo 1,1-14; Ap 3,7).


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