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Música para Órgão na Missa - Parte 2




o artigo anterior o autor dissertava sobre Alguns Papas (p.ex. S. Pio X em 1903, Pio XI, sobre o uso do canto polifônico, que apontavam o compositor italiano Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525-94) como um dos mais recomendados e, cujas belas obras ainda hoje se ouvem durante a Liturgia Papal, citando também: Johannes Ockeghem, Orlando di Lasso, Josquin des Prés, Thomas Thallis, William Byrd, Francisco Guerrero, Tomás Luis de Victoria, entre tantos, e tantos outros. E autores portugueses, Pedro de Escobar, Manoel Cardoso, Filipe de Magalhães, Francisco Martins, João Lourenço Rebello, Diogo Dias Melgaz, D. João IV, Frei Roque da Conceição... Para obter as suas partituras, há alguns recursos úteis, tais como o sítio dos Órgãos de Portugal, a CPDL, a colecção Portugaliae Musica, ou ainda, para os puristas que gostam da notação mensural branca, a Portuguese Early Music Database.

Continuando a temática: "os organistas da época tocavam peças de polifonia escrita em livro de côro, com as vozes separadas: E já que o repertório polifónico oferece um tão vasto leque de peças adequadas à Liturgia, poderemos escolher uma que se adeque à circunstância na qual vamos tocar.

O que faz colocar a questão: em que momento da Missa tocar? Para responder a esta pergunta, é necessário ter em atenção que:

  1. esses momentos são os que o celebrante considerar apropriados;

  2. o organista não deve atrasar a cerimónia nem deixar o celebrante à espera;

  3. há momentos da Missa em que é conveniente manter o silêncio (p.ex. depois da homilia);

  4. há tempos litúrgicos em que é conveniente haver especial moderação no uso de instrumentos musicais (Advento e Quaresma, cfr. IGMR 313);

  5. há orações da Missa que não devem ser nunca suprimidas ou abafadas pela música; nestes casos, o órgão manter-se-á em silêncio ou, quando muito, sustentando o canto, como fôr julgado mais conveniente;

  6. o povo deve interiorizar que o som do órgão serve para facilitar a oração e não para permitir o desrespeito pelo espaço sagrado (conversa com as pessoas do lado, deslocação ruidosa pela igreja, etc.).

Dito isto, sobram poucos momentos em que o órgão possa soar sozinho:

  • aqueles para os quais os livros litúrgicos não prescrevem que se diga qualquer texto (antes de começar a Missa, depois de cantada a antífona da comunhão, depois de concluída a Missa), devendo ponderar-se o benefício do órgão em relação ao silêncio (p.ex. na acção de graças);

  • aqueles em que o texto litúrgico prescrito pode ser omitido ou apenas lido secretamente pelo celebrante (antífona do intróito, antífona do ofertório, antífona da comunhão);

  • aqueles que são sobejamente conhecidos de todos e podem ser substituídos pelo órgão de tubos conforme o uso alternatim (p.ex. Kyrie), em que órgão e côro intervêm alternadamente como se dialogando.

Assim, por exemplo:

  • Se vou tocar durante o rito penitencial da aspersão do povo com água benta, fora do tempo Pascal, eu sei que o texto indicado pelo Graduale Romanum (pág.707) para esse momento é o Asperges me, Domine, hyssopo, et mundabor: lavabis me, et super nivem dealbabor (Salmo 50,9), pelo que posso escolher a peça homónima de Manoel Mendes:

  • Se me pedirem que durante o Kyrie eleison tanja alternadamente com o côro, poderei escolher alguns Kyries do tom correspondente ao cantado pelo côro:

  • Se me pedem que toque durante ou depois da comunhão na Missa da Vigília do Nascimento do Senhor, vejo que o Graduale Romanum (p.40) indica para este momento o texto Revelabitur gloria Domini: et videbit omnis caro salutare Dei nostri (cf. Isaías 40,5), pelo que poderei tocar a peça de Estêvão Lopes Morago:

  • Se me pedem que toque alguma peça durante o cortejo processional no início da Missa de defuntos (p.669ss), poderei escolher a peça de Duarte Lôbo sobre o texto do intróito Requiem aeternam dona eis Domine: et lux perpetua luceat eis (IV Esdras 2,34-35):

  • Se me pedem que toque alguma peça em honra da Virgem Maria, posso tocar, por exemplo, o primeiro Ave maris Stella do Padre Manuel Rodrigues Coelho:

E assim para qualquer outra ocasião. Deste modo, o som do órgão aproxima-se da perfeição da voz humana e «converte-se num sinal eminente do cântico novo que devemos cantar a Deus. De facto, cantamos verdadeiramente um cântico novo quando vivemos dignamente, quando aderimos à vontade de Deus com alegria e entusiasmo, quando cumprimos o mandamento novo, amando-nos uns aos outros» (Ritual de Bênção do Órgão).

Fonte: http://divinicultussanctitatem.blogspot.com


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