A Música Sacra e a Fé Eucarística e o Tempo Comum (Per Annum)
Audio : And_the_Glory of the Lord - Haendel
I - A Música Sacra e a Fé Eucarística
Queridos músicos de nossa Administração Apostólica, como sabemos, a Música Sacra é em sua essência um ato litúrgico. A Liturgia, por sua vez sendo ação do próprio Cristo, tem seu centro, fundamento e ápice na Eucaristia. Então, logo entendemos que toda Música Sacra deve estar direcionada e fundamentada na fé eucarística.
Não há nada de maior na nossa santa religião do que o Santo Sacrifício Eucarístico. Parafraseando um grande liturgista, podemos dizer que a celebração da Eucaristia transforma nossas igrejas em um verdadeiro céu. Se a voz e os gestos do sacerdote são a voz e o agir do próprio Cristo, poderíamos dizer que as vozes e as ações dos nossos corais são as vozes e o agir dos coros angélicos. Os Anjos adoram, amam, louvam e celebram a Majestade divina. Assim deveria ser cada execução musical em nossas igrejas, cantos de adoração e de louvor, expressão do amor e de toda a fé que celebramos.
Queremos desta maneira fazer notar a importância do que fazemos e, como consequência, do quão bem-feito devemos fazer. Cantamos na real e verdadeira presença de Deus. Uma apresentação musical exige tantos cuidados quanto mais importantes sejam os ouvintes e espectadores. Imaginem cantar na real presença de Nosso Senhor Jesus Cristo, cantar tomando parte nos verdadeiros e reais Mistérios de Cristo.
Se cremos na presença real de Jesus na Eucaristia, essa fé deve conduzir e sustentar toda nossa dedicação à música sacra. Desta pequena introdução e instrução podemos tirar alguns princípios práticos:
1- Cantamos para Deus e na presença de Deus.
2- Não só o que cantamos ou o que executamos deverá ser digno de Deus, como também nós devemos nos fazer dignos da sua augusta presença.
3- Fazer-se digno da presença de Deus internamente e exteriormente: internamente pela intenção reta e pela graça, quando não em estado de graça, ao menos abertos à sua ação salvadora; e externamente, pela maneira de se vestir e de se comportar diante da real presença de Deus.
4- Se cantamos para Deus podemos esperar desses méritos a recompensa do próprio Deus.
5- Se cantamos para Deus e na presença real de seu Filho Amado, Jesus Cristo, toda dedicação e esmerada preparação, ainda que para execuções mais simples e até mesmo de cantos populares, deverá ser um propósito frequente.
II Tempo “Per annum”, o tempo da Igreja
A sagrada Liturgia nos introduz agora num novo Tempo, depois de termos celebrado os grandes e principais Mistérios da nossa Fé cristã, isto é, os Mistérios do Nascimento, Vida e Morte, Ressurreição e Ascensão de Jesus, nosso Salvador, bem como do envio do Divino Espírito Santo. Podemos entender esse período do ano litúrgico como o tempo da Igreja, pois a vida que deve correr conforme à vida de Cristo e sob os impulsos e direção do Espírito Santo é figurada e expressada nesse tempo depois de Pentecostes.
De uma outra maneira, mais simples e clara, esse é o tempo da Igreja que caminha como peregrina até o Céu. Iluminada e revestida da Graça de Cristo e sob os impulsos do Espírito Santo, ela busca alcançar a plenitude da Vida Eterna do Céu.
Os cantos próprios desse Tempo são em primeiro lugar os litúrgicos propriamente ditos, isto é, aqueles que compõem os textos litúrgicos de cada Domingo. Em segundo lugar, cabem muito bem nesse período todos os cantos sacros que inspiram essa vida peregrina da Igreja: cantos que alimentam as virtudes teologais da fé, esperança e caridade; hinos que acendem o desejo e a esperança do Céu; cantos que animam nossa caminhada de conquista do Céu.
Como a Santíssima Virgem Maria é o protótipo da Igreja, nesse período litúrgico, o olhar voltado para a Mãe do Céu pelos cantos e motetos marianos será também uma acertadíssima escolha.
Deus os abençoe, guarde vossos trabalhos e os conserve no bem,
Pe. Renan Damaso
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