Ano Perosiano

Ano Perosiano

Na última quinta feira, 26 de Outubro, ocorreu na Paróquia de N. Senhora do Rosário de Fátima, Igreja Principal da Administração Apostólica, mais um evento da "Quinta Cultural" com todo o repertório em homenagem ao grande Compositor Italiano Lorenzo Perosi, dentro do sesquicentenário de seu nascimento. A homenagem é mais do que justa nesse "Ano Perosiano", dado a grandiosidade do maestro, autor de Missas, Oratórios e Motetos, os mais belos, para coros mistos e acompanhamento de órgão e orquestra.

Vida do Autor

Lorenzo Perosi nasceu em Tortona, comuna italiana da região do Piemonte, ao norte da Itália, a 21 de dezembro de 1872. A família Perosi sempre esteve ligada à música sacra e o próprio Lorenzo dizia que “todos os seus antepassados, remontando-se quase a duzentos anos, eram organistas”.[1]

Giuseppe Perosi, pai de Lorenzo, foi um dos principais organistas e mestres de coros italianos em sua época, assumindo a parte musical da Catedral de Tortona aos vinte e um anos de idade e lá permanecendo por quase quarenta anos.

Lorenzo Perosi iniciou, aos seis anos de idade, os estudos musicais com seu pai, Giuseppe, que também foi professor de outros dois outros filhos homens: Carlo (o futuro Cardeal Perosi) e Marziano, ambos também compositores, organistas e mestres de coro. Também as irmãs de Lorenzo, Felicina, Pia e Maria, receberam lições musicais do pai. Formou-se, assim, a “piccola schola cantorum Perosi”, constituída por Giuseppe e seus sete filhos, suficientemente instruídos e treinados para formar um pequeno coro que chegou a ser convidado para cantar em festas religiosas de cidades vizinhas.

Aos dez anos, Lorenzo compõe sua primeira obra, um pequeno moteto sobre o texto Quis ascendet. Aos onze anos já participa como cantor no coro dirigido pelo pai e também o substitui eventualmente ao órgão. Aos doze já improvisa ao órgão com grande facilidade.[2]

Escola Musical de Perosi

A época em que Perosi nasce é marcada por grande turbulência no ambiente político italiano, com o movimento do Risorgimento, que ambicionava a unificação da Itália, e as consequentes batalhas que resultaram no fim dos Estados Papais (Stati Papali ou Stati dela Chiesa), terras da Península Itálica governadas pelo papa havia mais de um milênio. O ano de 1870, pouco antes do nascimento de Perosi, marcou o momento crucial em que Roma deixou de ser governada pelo Papa e se tornou a capital oficial da nova Itália unificada. Os conflitos resultaram em grande divergência entre o novo Estado italiano e a Igreja, o que incluiu também a proibição por parte do Papa de que os católicos italianos participassem de alguma forma da política do novo reino.[3]

No que concerne à música sacra católica italiana, trata-se de um período em que prevaleceu o estilo mais popular e operístico, dando-se pouco lugar à antiga tradição do canto gregoriano e da clássica polifonia antiga. Será somente com o advento do chamado movimento Cecilianista que se procurará banir as tendências de música secular e irreverente na liturgia católica e, por outro lado, favorecer-se a música litúrgica tradicional.

“Perosi foi um sacerdote que seguiu uma carreira profissional de grande profundidade. Não é um sacerdote que sabe de música, não é sacerdote que concluiu importantes estudos musicais e adquiriu competências profissionais. Ele é um músico, ele é um compositor, ele é um artista. Tudo isso faz dele, como acontece com todos os artistas, transbordar de verdades e esteriótipos. Ele é o ‘perpétuo’ Diretor da Capela Sistina de Música”.[3]

Monsenhor Pavan, Herdeiro do Acervo de Perosi e Fiel Súdito

Monsenhor Marcos Pavan, brasileiro e atual diretor do coro da Capela Sistina, é, por assim dizer, o sucessor e herdeiro de Lorenzo Perosi - o diretor "perpétuo" que, por iniciativa iniciada em Dezembro de 2022, recorda os 150 anos do nascimento do autor. No Vaticano, o "Ano Perosiano" começa no dia 21 de dezembro. No Brasil, acaba de ser lançado um dossiê digital sobre o sacerdote que por quase 60 anos e 5 pontificados esteve à frente do coro do Vaticano.

"Vale lembrar também que o Perosi além de ter composto grandes oratórios", disse monsenhor Pavan, também compôs músicas simples para serem executadas na igreja e nas paróquias com pequenos coros: "esse também foi um grande filão pelo qual o Perosi foi conhecido em todo o mundo e, eu ouso dizer, ainda é no âmbito paroquial de muitos países. Ainda hoje chegam cartas e e-mails aqui pedindo composições de Perosi. Chegam da Indonésia, das Filipinas, dos lugares mais distantes, quer dizer, essa memória diminuiu, mas não morreu. E agora, então, existe todo esse movimento de redescoberta da música de Perosi", explicou o brasileiro na live de lançamento do dossiê sobre o diretor "perpétuo" da Capela Musical Pontifícia. [4]

Julga-se que teve uma influência determinante na reforma do canto de igreja, tal como está definida pelo Motu proprio de Pio X. Num estilo muito compósito (onde a orquestração moderna se combina com as formas melódicas do cantochão e com a escrita polifônica de Palestrina ou de J.S.Bach), contribuiu para o renascer do oratório na Itália. Escreveu 10 oratórios (entre os quais se conta Il giudizio universale), 26 missas, motetos, salmos, alguns poemas sinfônicos.