Ascenção de Nosso Senhor
A antífona do Introito da Missa da Ascensão (sétimo modo) "authenticus tetrardus", ( detalhe que explicaremos a seguir), conforme a tradição, está entre os incontáveis registros transmitidos de forma oral ao riquíssimo acervo do Canto Gregoriano, graças a mediação das Scholas Cantorum, onde os cantores eram especializados, quer atuassem nos mosteiros ou nas catedrais, que, a mercê de longos anos de aprendizagem e prática quotidiana, eram capazes de executar, de cor, o vasto repertório. [1]
Explicando a pequena característica dessa antífona, cabe lembrar que Canto Gregoriano, diverso nas suas formas e estilos, tem, no entanto, um conjunto de fórmulas rítmicas e melódicas, que não só serviam para o compositor elaborar as obras musicais, como para os cantores as interpretassem: o conhecimento perfeito de tais fórmulas (de entoação, cadenciais, tónicas, modalmente vinculadas, etc.) permitindo a fixação e a execução.
Estes primeiros manuscritos, porém, ainda sem notação, continham apenas o texto. Mas o trabalho dos monges foi exatamente, reunir em tabelas sinópticas essas informações. D. Réne-Jean Hesbert no seu trabalho Antiphonale Missarum Sextuplex, publicado em 1935 é uma referência no aprofundamento do tema. [2]
Essas Tabelas contiam informações valiosas:
M (Modoetiensis) – Cantatorium de Monza (meados do séc. IX)
R (Rhenaugiensis) – Graduale de Rheinau (cerca do ano 800)
B (Blandiniensis) – Graduale de Mont-Blandin (sécs. VII-VIII)
C (Compendiensis) – Gradual de Compiègne (2.ª metade do séc. IX)
K (Corbiensis) – Graduale de Corbie (posterior a 853)
S (Silvanectensis) – Graduale de Senlis (finais do séc. IX)
Havia também "códices", nas melodias sem notação, que eram visíveis por pequenas referências de conteúdo musical: junto das antífonas cuja execução era integrada pelo canto de um salmo (o intróito, o canto da Comunhão),
Assim surgem siglas destinadas a indicar o modo e, por conseguinte, o esquema para formular o tom salmódico a ser usado:
AP (Authenticus Protus);
PP (Plagis Proti);
AD (Authenticus Deuterus);
PD (Plagis Deuteri);
ATR (Authenticus Tritus);
PTR (Plagis Triti);
ATE (Authenticus Tetrardus);
PTE (Plagis Tetrardi).
Reflexão
A festa da Ascensão, diz S. Bernardo, “é a consumação, a coroa das outras solenidades e o termo glorioso da jornada terrestre do Filho de Deus”.
Durante quarenta dias, permaneceu Jesus no mundo, para fortalecer os seus discípulos na fé e os preparar para a vinda do Espírito Santo. Mas soou, enfim, a hora de se despedir daqueles que tanto amava. Ainda que de despedida, essa hora · era contudo de grande alegria para o Mestre e os seus discípulos, assim como para a humanidade inteira. Alegria, porque Jesus triunfou. Terminaram as humilhações, os sofrimentos.
A corôa de espinhos e os opróbrios se converteram em corôa de honra; a Cruz ignominiosa, em trono de glória. Alegramo-nos, porque o Salvador subiu ao céu pará ali preparar-nos um lugar. Porque Junto do trono de seu Pai, jesus continua a interceder por nós e cumprir a sua Missão de Mediador entre Deus e os homens.
Alegremo-nos ainda, porque a sua subida é o penhor da descida, do Espirito Santo “Se eu não for, o Espirito Santo não virá a vós”. Alegramo-nos, finalmente, porque este mesmo Jesus, que hoje se esconde aos nossos olhares, descerá um dia, em toda a sua Majestade e todo o seu poder, para julgar os vivos e os mortos e então os nossos olhos contemplarão extasiados a sua santa Humanidade sem o receio, para sempre afastado, de uma nova separação.
Enquanto a Epístola e o Evangelho nos narram sucintamente o fato histórico, ouvimos nos Cânticos perpassar estas melodias de júbilo. Cremos firmemente que o Nosso Redentor subiu ao céu e nesta convicção Lhe dirigimos uma súplica, para que também nós tenhamos em espírito a nossa morada no céu (Oração).
Introito (At 1, 11 | Sl 46, 2)
"Homens da Galileia, por que admirados olhais para o céu? Aleluia. Como O vistes subir para o céu, assim Ele virá, aleluia, aleluia, aleluia. Sl. Vós, nações todas, batei palmas: celebrai a Deus com voz de alegre canto ℣. Glória ao Pai…
Referências
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