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Eis o Tempo da Conversão - Por D. Fernando Rifan





Nesse tempo da Quaresma, a Igreja muito nos fala de conversão. E esse foi o tema dos primórdios da pregação de Jesus: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15).

Conversão quer dizer mudança. E a palavra grega usada no Evangelho - “metanoia” - significa mudança de mentalidade. Mais do que o comportamento, é preciso mudar a mentalidade, pois dela procede o comportamento.


A mentalidade do tempo de Jesus era pagã: prazer, ganância e orgulho. Desejo de gozar a vida, de possuir bens materiais e de soberba, muitas vezes confundida com o poder. Tudo isso se concretizava no dinheiro, com o qual se pode comprar o prazer, os bens e o poder. Por isso, Jesus pregava: “Não podeis servir a Deus e ao ‘Dinheiro’” (Mt 6,24).


Opondo-se a essa mentalidade, Jesus propunha a mortificação da carne, o espírito de pobreza, o desapego dos bens materiais e a humildade, dando Ele mesmo o exemplo dessas virtudes. Não foi fácil a pregação desses temas por Ele e pelos Apóstolos no ambiente pagão. E mesmo no ambiente religioso dos judeus essas virtudes eram desconhecidas. Ali também, sob outra roupagem, imperava a impureza, a ganância e o orgulho.


Hoje vivemos no neopaganismo, onde esses vícios imperam e onde são raras as virtudes que lhes são contrárias. Por isso, neste tempo da Quaresma, a Igreja nos leva a refletir sobre a conversão, ou seja, o combate espiritual contra esses vícios.


“Porque tudo o que há no mundo – o desejo da carne, o desejo dos olhos e a ostentação da riqueza - não vem do Pai, mas do mundo”, ensina São João, Apóstolo (1Jo 2,16).

A concupiscência da carne significa não os prazeres ordenados por Deus, dentro dos seus legítimos limites, mas os desejos desordenados da carne. É a sensualidade, o amor desregrado dos prazeres, que provocam em nós o conflito interior de que fala São Paulo: “Descubro em mim esta lei: quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta. Como homem interior, ponho toda a minha satisfação na Lei de Deus; mas sinto em meus membros outra lei, que luta contra a lei de minha mente e me aprisiona na lei do pecado, que está nos meus membros...” (Rm 7, 21-23). Daí a necessidade, com a graça de Deus, do combate interior: “Todo atleta se impõe todo tipo de disciplina. Eles assim procedem, para conseguirem uma coroa corruptível. Quanto a nós, buscamos uma coroa incorruptível...” (1Cor 9, 25).


A concupiscência dos olhos é a ambição de possuir. “A raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Por se terem entregue a ele, alguns se desviaram da fé e se afligem com inúmeros sofrimentos” (1Tm 6,10). Não é essa a mentalidade subjacente a essa epidemia de corrupção que assistimos?


E a soberba da vida, que vem a ser o orgulho, o egoísmo, que gera o ciúme, a inveja e a ira. “O princípio de todo o pecado é a soberba” (Eclo 10,15).

Convertamo-nos e combatamos esse “bom combate”.


*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney









 











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