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I Domingo do Advento


Jr 33,14-16 Sl 24 1Ts 3,12 – 4,2 Lc 21,25-28.34-36


vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não seja envergonhado!”

Ad te levávi, ánimam meam: Deus meus, in te confído, non erubéscam; neque irrídeant me inimíci mei, étenim univérsi, qui te exspéctant non confundéntur. Ps. Vias tuas, Dómine, demónstra mihi: et sémitas tuas édoce me. ℣. Glória Patri…


Hoje estamos iniciando um novo Ano Litúrgico e também o Tempo do Advento, que nos prepara para o Natal do Senhor. Durante este novo ano, aos domingos, escutaremos sempre trechos do Evangelho segundo Lucas. E nesta primeira Missa deste novo tempo, a Igreja, no missal, coloca as palavras do salmo 24, que foram lidas há pouco: “A vós, meu Deus, elevo a minha alma”… A Igreja ergue os olhos, o coração, a alma para o Senhor, reconhecendo-se pobre, pequena e necessitada. “Confio em vós, que eu não seja envergonhado!” Estas palavras, exprimem qual deva ser nossa atitude neste santo Advento: atitude de quem se reconhece necessitado de um Salvador; de quem se sabe pequeno e incapaz de caminhar sozinho! A humanidade, sozinha, não chega à plenitude, não encontra a felicidade: precisamos que Deus venha e nos estenda a mão, que ele nos eleve e nos salve!

O Advento nos prepara para o Natal e nos faz pensar que um dia o Senhor virá em sua glória para levar à plenitude sua obra de salvação. É um tempo de vigilância, de súplica, de alegre esperança no Senhor que vem: veio em Belém, vem no mistério celebrado no Natal, virá no final dos tempos e vem a cada dia, nos grandes e pequenos momentos, nos sorrisos e nas lágrimas. A liturgia nos ajuda a viver bem este tempo com símbolos próprios desta época: a cor roxa, que significa sobriedade e vigilância; o “Glória”, que não será rezado na Missa, para recordar que estamos nos preparando para cantá-lo a plenos pulmões no Natal; a ornamentação sóbria da igreja; a coroa do Advento, que abençoamos no início desta celebração; as leituras e cânticos tão comoventes, sempre pedindo a graça da Vinda do Senhor; a memória dos personagens que nos ensinam a esperar o Messias: Isaías, João Batista, Isabel e Zacarias, José e, sobretudo, a Virgem Maria.

Neste tempo, cuidemos de meditar mais na Palavra de Deus, tanto nas leituras da Missa diária quanto no livro do Profeta Isaías. Procuremos também o Sacramento da Confissão. Abramos nosso coração Àquele que vem!

No Evangelho deste domingo, o Senhor nos recorda a necessidade da vigilância: “Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse Dia não caia de repente sobre vós; pois esse Dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes da terra. Portanto, ficai atentos!” Aquele cuja vinda celebraremos no Natal, cuja vinda esperamos no final dos tempos, vem a nós constantemente! Somente numa atitude de oração e vigilância, de sobriedade e de expectativa amorosa, é que poderemos reconhecê-lo e acolhê-lo.


É nossa atitude agora que determinará nossa sorte quando ele vier no final dos tempos. Com uma linguagem impressionante e simbólica, Jesus quer nos dizer hoje que sua manifestação final vai co-envolver todas as coisas: a criação toda, a história humana toda e cada um de nós. Nada, nem ninguém, escapará do Dia do Cristo; tudo será passado a limpo pelo Filho do Homem glorioso: “Verão o Filho do Homem vindo numa nuvem com grande poder e glória”. Esta vinda será discriminatória, pois discriminará bons e maus: será manifestação da salvação para quem o acolheu… e será perdição para quem o rejeitou! Daí, a advertência séria, o apelo quase que dramático que Jesus nos faz: “Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai a cabeça, porque a vossa libertação se aproxima”; ficai atentos para terdes força de escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem!” Os sinais que o Senhor nos dá, acontecem sempre, em cada geração, como um convite insistente à vigilância.

É preciso que compreendamos que este Dia final que o Senhor nos prepara – Dia da sua Vinda, da sua Manifestação, da sua Aparição – será Dia de salvação: “Eis que virão dias em que farei cumprir as promessas de bens futuros… Naqueles dias, farei brotar de Davi a semente de justiça… e Judá será salvo e Jerusalém terá uma população confiante”. Deus nunca pensou o mal para nós! Mas é necessário que nos abramos para o Bem que o Senhor nos prepara; este Bem é Aquele que veio em Belém, que nos vem em cada Eucaristia e que nos virá no final de tudo: “este é o nome com que será chamado: Senhor-nossa-justiça”. Este Bem é Jesus-Salvador! Por isso mesmo, na segunda leitura desta Missa, o Apóstolo nos convida a buscar a santidade aos olhos de Deus, nosso Pai, preparando-nos para “o Dia da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos” e nos pede insistentemente que façamos “progressos ainda maiores”.

Tomemos consciência de que nosso caminho neste mundo passa, é apenas um caminho! Por que temos tanto medo de recordar que aqui estamos de passagem e que somente lá permaneceremos para sempre? Pois bem: vivamos bem nosso Advento, vivamos bem os dias de nossa vida, à luz do Dia do Cristo que vem! Que caminhemos com os pés bem firmes neste mundo e os olhos voltados para o alto. Que nossos sentimentos sejam os do salmo da Missa de hoje: “Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação!” Que nós, “acorrendo com nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos justos” no Dia da sua Vinda! Vem, Senhor Jesus! Amém!

+D.Henrique Soares da Costa (in memoriam)


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