III Domingo do Advento - "Gaudete"
Domingo de 1ª Classe – Estação em São Pedro – Missa Própria
A terceira semana do Advento, desde antigos tempos, é a dos escrutínios, dos ordenandos e dos jejuns que precedem às ordenações. Reunidos no túmulo de São Pedro, o Príncipe dos Apóstolos (Statio), imploramos a sua proteção e lhe damos parte em nossa alegria pela próxima vinda do Senhor.
“O Senhor está perto”. O Introito e a Epístola o afirmam e com instância suspiramos por sua vinda, pois só Ele poderá salvar-nos e dissipar as nossas trevas pela graça de sua visita (Oração, Gradual). Alegremo-nos, porque está mais perto do que pensamos. S. João o assevera no Evangelho: Já está entre vós. E de fato, unindo-nos ao Senhor, no Santo Sacrifício da Missa, já O encontramos em nosso meio, Ele que afastou por sua primeira vinda o nosso cativeiro e nos remiu de nossa iniquidade (Ofertório). Na Comunhão virá o Salvador fortalecer a todos os que d’Ele se aproximam.
Introito
"Regozijai-vos sempre no Senhor. Ainda uma vez vos digo : regozijai-vos. Seja a vossa modéstia conhecida de todos os homens, porque o Senhor está perto. De nada vos inquieteis, mas, em qualquer tempo, apresentai a Deus os vossos pedidos. Sl. Abençoastes, Senhor, a vossa terra; reconduzistes a Jacó do cativeiro.
Fonte : Missal Quotidiano (D. Gaspar Lefebvre, 1963).
De onde procede a verdadeira alegria?
Aproximando-se o dia de Natal a Liturgia faz um convite à alegria: “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos… O Senhor está perto” (Fl 4, 4-7). Na verdade, todo o Advento é um convite a rejubilar porque “o Senhor vem”, porque nos vem salvar. Ressoam confortadoras quase todos os dias, nestas semanas, as palavras do profeta Isaias dirigidas ao povo judeu exilado na Babilônia, depois da destruição do templo de Jerusalém e desanimado por não saber se pode regressar à cidade santa em ruínas. “Mas aqueles que confiam no Senhor renovam as suas forças, garante o profeta, têm asas como águia e voam velozmente, sem se cansar” (Is 40, 31). E ainda:
“ …serão repletos de gozo e alegria, e deles fugirão a tristeza e os gemidos, não mais conhecerão a dor e o pranto” (Is 35, 10).
A Liturgia do Advento repete-nos constantemente que devemos despertar do sono dos hábitos e da mediocridade, devemos abandonar a tristeza e o desânimo; é preciso que fortaleçamos os nossos corações porque “o Senhor está próximo”. O Mistério de Belém revela-nos o Deus conosco, o Deus que está próximo de nós, não só em sentido espacial e temporal; Ele está próximo porque “abraçou”, por assim dizer, a nossa humanidade; assumiu a nossa condição, escolhendo ser em tudo como nós, exceto no pecado, para fazer com que nos tornássemos como Ele. Portanto, a alegria cristã brota desta certeza: Deus está próximo, está comigo, está conosco, na alegria e no sofrimento, na saúde e na doença, como amigo e esposo fiel. E esta alegria persiste também nas provações, no próprio sofrimento, e não permanece na superfície, mas no profundo da pessoa que se recomenda a Deus e n’Ele confia.
Reflexão:
O cristão deve ser um homem essencialmente alegre! Mas a sua alegria não é uma alegria qualquer, é a alegria de Cristo, que traz a justiça e a paz, e que só Ele pode dar e conservar, porque o mundo não possui o seu segredo.
A alegria do mundo procede de coisas exteriores: nasce precisamente quando o homem consegue escapar de si próprio, quando olha para fora, quando consegue desviar o olhar do seu mundo interior, que produz solidão porque é olhar para o vazio. O cristão leva a alegria dentro de si, porque encontra a Deus na sua alma em Graça. Esta é a fonte da sua alegria! Não nos é difícil imaginar a Virgem Maria, nestes dias do Advento, radiante de alegria com o Filho de Deus no seu seio. A alegria do mundo é pobre e passageira. A alegria do cristão é profunda e capaz de subsistir no meio das dificuldades. É compatível com a dor, com a doença, com o fracasso e as contradições. “Eu vos darei uma alegria que ninguém vos poderá tirar” (Jo 16,22), prometeu o Senhor. Nada nem ninguém nos arrebatará essa paz gozosa, se não nos separarmos da sua fonte.
A nossa alegria deve ter um fundamento sólido. Não se pode apoiar exclusivamente em coisas passageiras: notícias agradáveis, saúde, tranquilidade, situação econômica desafogada, etc., coisas que em si são boas se não estiverem desligadas de Deus, mas que por si mesmas são insuficientes para nos proporcionarem a verdadeira alegria.
O Senhor pede que estejamos sempre alegres! Só Ele é capaz de sustentar tudo na nossa vida. Não há tristeza que Ele não possa curar: “Não temas, mas apenas crê” (Lc 8,50), diz-nos o Senhor.
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