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Meditação para a Quinta Feira Santa




Introdução [*]


Os três evangelhos sinóticos e a Primeira Epístola aos Coríntios incluem um relato da instituição da Santíssima Eucaristia, na qual Jesus reparte o pão entre os discípulos dizendo: "Este é o meu Corpo, este é o cálice do meu Sangue". O Evangelho de São João não inclui esta parte, mas afirma que Jesus lavou os pés dos discípulos, dando-lhes um novo mandamento: "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei" e reproduz um detalhado discurso de adeus feito por Jesus, chamando os apóstolos que seguiam seus ensinamentos de "amigos e não servos".


A narrativa geral dos eventos que levaram à Última Ceia, compartilhada pelos quatro evangelhos, é de que após a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém no início da semana (tradicionalmente no "Domingo de Ramos") Jesus se reúne com os seus discípulos para um banquete, conforme narrado por S. Lucas:


"Jesus enviou Pedro e João, dizendo: “Ide e preparai-nos a ceia da Páscoa”. .Perguntaram-lhe eles: “Onde queres que a preparemos?”. Ele respondeu: “Ao entrardes na cidade, encon­trareis um homem carregando uma bilha de água; segui-o até a casa em que ele entrar, E direis ao dono da casa: O Mestre pergunta-te: Onde está a sala em que comerei a Páscoa com os meus discípulos? Ele vos mostrará no andar superior uma grande sala mobiliada, e ali fazei os preparativos”. Foram, pois, e acharam tudo como Jesus lhes dissera; e prepararam a Páscoa. Chegada que foi a hora, Jesus pôs-se à mesa, e com ele os apóstolos. (Lc 22, 8-15).

Estudo


Os eventos chave desta ceia são a preparação dos discípulos para a partida de Jesus, as previsões sobre a iminente traição e sobre a negação de Pedro e a instituição da Eucaristia.


A Santa Ceia realizada na noite de Quinta-feira Santa foi a última reunião de Cristo com os seus apóstolos no cenáculo. Sua liturgia marcou a história do cristianismo, sendo celebrada todos os dias como memória do sacrífico redentor de Jesus, seguindo a ordem que ele nos deixou.

A narrativa dos evangelhos destaca o momento em que Cristo repassou o cálice com vinho para seus apóstolos, destacando a sua presença no pão e no vinho ali consumido. Morto no dia seguinte, o cálice que ele abençoou desperta a curiosidade por mais de dois milênios.

Conhecido como Santo Graal, ao seu redor vão surgindo várias lendas que nem sempre fizeram referência ao cálice utilizado por Jesus. Nos primeiros séculos da era cristã, alguns relatos faziam referência à tigela usada para depositar os pães usados na refeição. Outras lendas sugerem que o Santo Graal fosse uma vasilha onde um seguidor de Cristo teria recolhido parte de seu sangue durante a crucificação.

Ao longo dos tempos, outras histórias vão permeando o imaginário das pessoas até que, por volta do século XII, o escritor francês Chrétien de Troyes designou de “graal” o utensílio de mesa utilizado por Cristo. O relato do escritor francês passa a ser visto quase como “oficial” porque as referências usadas nos Evangelhos são bastante sucintas, não existindo nenhuma descrição especial dos cálices, talheres e vasilhas utilizados na Última Ceia.

Levando em consideração a vida simples de Cristo e seus seguidores e sendo o cenáculo um espaço “emprestado” os utensílios utilizados na reunião deviam ser de madeira ou cerâmica. A simplicidade dessas peças não despertaria o interesse das pessoas, mesmo dos seguidores de Cristo. A falta de detalhes dos textos evangélicos originais, deu margem a variadas interpretações sobre a trajetória de Cristo e nos chamados textos apócrifos que não são canônicos há uma riqueza bem maior de detalhes diferente da contida nos evangelhos originais. Entre essas narrativas se destaca o Evangelho de Nicodemos que registra inclusive a narrativa do recolhimento do sangue de Cristo e a perfuração de seu tórax pela “Lança de Longino”.

Surge a Lenda do Santo Graal

A obra do escritor Chrétien fez com que a Lenda do Santo Graal ganhasse notoriedade e a partir dai vão surgindo outras descrições. Um poema inacabado chamado Percival, descreve uma liturgia sagrada observada pelo cavaleiro que dá nome à obra. Sua história foi sendo continuada e reinventada por outros escritores que valorizam ainda mais o “graal” que ganha um caráter miraculoso ao ser procurado para curar o Rei Artur.

As histórias sobre o “Santo Graal” e outras relíquias católicas perderam espaço com a Reforma Protestante dos séculos XV e XVI. Influenciados por seus líderes os reformistas protestantes repudiavam o caráter sagrado das relíquias católicas e, por tabela, o valor quase mágico dado ao Santo Graal.

Nos séculos XVIII e XIX as histórias envolvendo o Graal chamam novamente atenção sendo ligada agora à toda questão envolvendo a Ordem dos Templários. Essa ordem militar e religiosa, criada no século XII, tinha como principal tarefa proteger os cristãos peregrinos que se dirigiam à Terra Santa, sobretudo, a Jerusalém.

Um estudo feito na época afirmava que o cavaleiro Percival fazia parte da Ordem dos Templários. Outros estudos foram aprofundando essa questão, chegando a afirmar a existência de pelo menos dois “graais” fabricados isso sim, durante a Alta Idade Média. Para além das pesquisas históricas, todas infrutíferas, surgiram até pequenas denominações religiosas que prestavam reverência ao Santo Graal. Os membros da “Ordem da Aurora Dourada” professam que as lendas sobre o “graal” escondem uma série de mensagens secretas que revelariam importantes bases da fé cristã.

Mais recentemente, filmes como o de Steven Spielberg e livros como “O código Da Vinci”, transformado em filme e “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada” alimentam outras mirabolantes teorias sobre essa mesma relíquia.

O mais correto de se afirmar é que todas essas narrativas não passam realmente de lendas, até porque conhecedores que somos da estrutura e organização do grupo dos apóstolos e discípulos, não haveria entre eles ninguém com a iniciativa de guardar algum objeto utilizado por Jesus na Última Ceia, estando todos abalados com o episódio ligado à traição de Judas Iscariotes e aos fatos que ainda se sucederiam na noite de quinta e na Sexta-Feira da Paixão.



 

Fontes:

[*]Introdução: Portal Schola Cantorum - Administrador


Estudo:Pe. Inácio de Medeiros, C.Ss.R Redentorista da Província de São Paulo, graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma.



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