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Palestra - Música Litúrgica e o Tempo Quaresmal - Pe. Renan Damaso




O Revmo Pe. Renan, Diretor da Comissão de Música Sacra da Administração Apostólica São João Maria Vianney, após dar as boas vindas a todos os participantes, nessa reunião ocorrida no dia 15 de Fevereiro, falou, inicialmente, que retomará o ciclo de reuniões virtuais, conforme o Calendário de Eventos  anunciado para o ano de 2024.


Ressaltou que, assim como em outros tempos litúrgicos, a Quaresma tem suas próprias regras e práticas especiais e teceu comentários acerca da liturgia nesse tempo. Assim, o coro deverá escolher o repertório adequado, principalmente aquele que conduz os fiéis ao arrependimento dos pecados e meditação da Paixão do Senhor.


Com certa frequência, tem se observado um despreparo na escolha dos cantos, ressaltou. Então, é recomendável que se faça a escolha dos hinos, seguindo o Hinário Cantate Domino ou outros livros de música na véspera ou antes da missa. Certamente, não é nada agradável que durante alguma parte da missa,  homilia por exemplo, os membros do coro estejam envolvidos em selecionar o que será cantado.


Respondendo a um dos participantes que questionou sobre os hinos adequados para o “Ato Penitencial”, Pe. Renan explicou que na forma extraordinária, o padre e os fiéis pedem perdão dos seus pecados na primeira parte da missa – orações ao pé do altar. Logo, pode ser tolerável cantar hinos de caráter “penitencial”, conforme o costume local ou a critério do padre, contudo isso não é uma regra, pois o termo “ato penitencial” aplica-se à forma ordinária.


1- Regras para o Canto Coral/Popular e Música Instrumental


Foi recordado que a execução de música instrumental, com o órgão ou outros instrumentos musicais, não é  permitido no tempo quaresmal.


O uso do órgão (órgão eletrônico, teclado, órgão de tubos) é somente permitido para  o sustento do canto. Assim, os demais instrumentos musicais em conjunto ou solo devem parar. Apenas no Domingo Laetare (quarto domingo da Quaresma) ou em festas de primeira classe essa regra tem exceção, permitindo ao organista executar uma peça sem o coro, contudo sem os demais instrumentos.


Também, foi respondido o questionamento de um dos participantes quanto ao executar os prelúdios, interlúdios, postlúdios que são comuns em algumas peças. Em regra geral, explicou, o organista deve evitar tocar essas partes, para que o conjunto esteja em harmonia com o espírito da quaresma.


2- O silêncio do Glória e Alleluia


Durante toda a Quaresma nas missas dominicais e nos dias feriais, não se reza ou se canta o Glória. O Alelluia também é omitido durante a Quaresma. Ainda com relação ao  “Glória”, este será dito, se ocorrer uma festa de primeira classe (com missa própria), conforme já explicado.


Explicou ainda que, sendo a Quaresma é um período penitencial, a Igreja entra mais adentro na questão “do arrependimento dos pecados”. Portando não é um tempo de alegria. Assim, O Alelluia e o Glória são “deixados a parte” para serem cantadas com maior alegria e entusiasmo na Páscoa.


3- Canto de Preparação  ao Evangelho


Como não há Alelluia antes da leitura do Evangelho, não é permitido cantá-lo na Quaresma. Assim, podemos cantar em substituição a este os versos retirados do Gradual do próprio do dia, que na verdade são trechos dos salmos, ou cantar o tracto. Recordou que, quando da publicação do Fascículo do “Hinário Cantate Dómino do Advento”, formas simplificadas de canto do gradual em tons de salmos foram inseridas no livro. Desta forma, os que assim o desejarem poderão cantar, a seu critério o gradual ou tracto dos respectivos domingos da quaresma (mesmo que em vernáculo) precedendo ao Evangelho.   


4 - Livros Próprios de Canto Gregoriano


Em resposta a um dos participantes que questinou sobre livros proprios de canto gregoriano nesse tempo quaresmal, o Pe. Renan explicou que foi elaborado uma resposta mais detalhada acerca dos livros disponíveis. O teor do documento é conforme a seguir:


Antes de falarmos em  “Livros de Canto Gregoriano”, os quais são diversificados para uso em todo o Ano Litúrgico, precisamos entender que há séculos um trabalho silencioso é feito  para que o canto oficial da Igreja seja mantido e revivido. Na vida monástica religiosos e religiosas vivem diuturnamente cantando essas melodias em sua vida litúrgica [1]. A exemplo dessas pessoas de vida consagrada, também os cantamos em nosso seminário e em nossas igrejas. A lista de Cantos Gregorianos em nossos dias é incontável, sendo esse acervo um verdadeiro tesouro artístico, religioso e cultural para o mundo.


Voltando um pouco na história, em termos musicais, é certo afirmar que a civilização grega forneceu a sua elevadíssima contribuição, em termos de notação musical. Assim, os gregos foram os primeiros a se preocupar verdadeiramente em colocar por escrito os conhecimentos de música que foram aperfeiçoando juntamente com teoria musical da época.


Assim,  a cultura musical grega era elemento essencial de estudo, sendo que os mosteiros constituíam autênticos centros de cultura, tanto no nível de literatura como o da música [2], sendo eles os verdadeiros guardiões do canto-chão, cantos esses passados conforme a tradição e também pelos manuscritos compilados Inicialmente apenas com os “neumas”, (sinais colocados acima do texto para indicar de alguma maneira as curvas da melodia) até o surgimento pauta gregoriana que conhecemos hoje (notação quadrada).


Por volta do século VI  o Papa São Gregório Magno selecionou, compilou e sistematizou os cânticos eclesiásticos conhecidos na Europa e os demais de diferentes ritos, oriundos da Síria, Ásia Menor e os de influência Bizantina, também chamado “Rito de Constantinopla” (Alexandria, Antioquia e Éfeso) com o objetivo de unificá-los para serem utilizados no Rito Romano em toda a Igreja universal. É de seu nome que deriva o termo “gregoriano”.


Há nessa mescla de cantos, “traços da música judaica, grega e latina nas melodias e nas letras” [3]. Há ainda a síntese da velha tradição oral da música cristã do mundo antigo, compilada em suas melodias homofônicas”. Outros Ritos do Ramo Latino, tais como Rito Ambrosiano – utilizado na Arquidiocese de Milão, e Rito Moçárabe, mantiveram características próprias.


Sobretudo, foi no auge da Idade Média que ocorreu o desenvolvimento do canto gregoriano e sua predominância até os séculos XIII e XIV, quando a música sacra litúrgica começa a entrar no campo da polifonia.


Algo importante a ser recordado é que, desde as oficinas da paleografia musical, a exemplo das “scriptoria” da Idade Média, estudos e pesquisas são realizados continuamente  até hoje acerca do canto gregoriano e, graças a monges como os do Mosteiro de Solesmes, muitos manuscritos foram restaurados e posteriormente publicados como verdadeiras obras de música sacra.


 

Livros de canto gregoriano conforme suas rubricas – download livre


Coletânea de Cantos com o Ordinário da Missa (partes fixas e diálogos entre o celebrante e coro, e cantos diversos em ordem alfabética


Graduale Romanum 1961 (PDF com índice) - Livro contendo todos os cantos ordinários da missa, bem como os próprios de cada dia. Não contém outros sacramentos. Para uso apenas na forma extraordinária do Rito Romano.


Kyriale (Solesmes) e Kyriale (Vaticano)  - Extrato do Graduale Romanum contendo apenas os cantos ordinários da missa (Kyrie, Gloria, Sanctus) para uso em ambas as formas (ordinária e extraordinária) do Rito Romano


Liber Usualis (1961) - Livro básico de todos os cantos para a liturgia, com os cantos próprios de todas as missas, os cantos ordinários (Kyrie, Gloria, Sanctus, Tractos, Graduais), ofícios, bênçãos, cantos para todos os outros sacramentos, devoção das 40 horas, funerais e ofício divino. Para uso principalmente na forma extraordinária do Rito Romano, tendo também sua utilidade na forma ordinária. https://media.musicasacra.com/pdf/liberusualis.pdf

  

Proprium de Tempore (Próprios) - Provem do Graduale Romanum 1961, somado ao Kyriale, forma o próprio Graduale por completo.



Cantus Selecti

Cantus Selecti é uma compilação de cantos selecionados para as bênções e procissões com o Santíssimo Sacramento


Chants of the Church - Hinário de Canto Gregoriano do  Gregorian Institute of America https://www.dropbox.com/s/4v9ltb1urpdyogs/chants-of-the-church.pdf?dl=0Livro de Canto


Gregoriano para a Missa na forma Ordinária - compreende o Canto Gregoriano utilizado, a exemplo do que temos na Basílica de São Pedro, que podemos assistir pelas mídias sociais, bem como em outras grandes catedrais em todo o mundo e mosteiros onde o Canto Gregoriano é amplamente utilizado. https://www.dropbox.com/s/igxzp9i68ypgf9r/Livro%20de%20Cantos%20Gregorianos%20para%20a%20Forma%20Ordin%C3%A1ria.pdf?dl=0


Liber Cantualis - Arranjos para órgão em notação moderna

Muito interessante para os organistas. Os acompanhamentos ajudam a manter a melodia simples sem complexidades para serem usadas sempre que coro executa o Canto Gregoriano. https://www.dropbox.com/s/mg5cj6da1vs16b3/Liber-Cantualis-Organo-notacaomoderna-harmonizado.pdf?dl=0

 



 

 Referências

[3] Um Roteiro para Música Clássica. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1992. 705p. Publicado originalmente no jornal FSP: 09/12/1984.








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2 Comments

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Guest
Feb 18
Rated 5 out of 5 stars.

Achei a palestra ótima e os pontos muito bem explicados.

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Guest
Feb 18
Rated 5 out of 5 stars.

Amém

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