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V Domingo depois da Epifania - Parábola do Joio do Trigo



Déxtera Dómini fecit virtutem, déxtera Dómini exaltávit me: non móriar, sed vivam, et narrábo ópera Dómini. (A Destra do Senhor mostra o seu poder; a Destra do Senhor me exalta; não morrerei mas viverei e contarei as obras do Senhor.



Neste domingo, começam as parábolas do reino de Deus. Deus permite crescer o joio ao lado do trigo até a separação no fim do mundo. Assim, devemos suportar com paciência os defeitos do próximo, e compreender que sempre haverá maus no campo da Igreja militante. Cumprindo os preceitos da Epístola, imitemos o pai de família, e, sem arrancar por uma violência indiscreta o joio, multipliquemos contudo, o trigo para a colheita.



Missal Quotidiano (D. Gaspar Lefebvre, 1963).

 

A imagem do campo em que a boa semente do Evangelho foi lançada generosamente, mas onde o inimigo semeou joio, convida-nos a pensar na Igreja, que...


..."reunindo em seu próprio seio os pecadores, é ao mesmo tempo santa e sempre necessitada de purificar-se, busca sem cessar a penitência e a renovação".

Todos os membros da Igreja, inclusive seus ministros, devem reconhecer-se pecadores. Em todos eles o joio do pecado continua ainda mesclado ao trigo do Evangelho até o fim dos tempos. A Igreja reúne, portanto, pecadores alcançados pela salvação de Cristo, mas ainda em via de santificação”[1].


De fato, a parábola do joio e do trigo coloca o problema da coexistência do bem e do mal. “Está tudo bem claro: o campo é fértil e a semente é boa – comentava São Josemaria –, o Senhor do campo lançou a mãos cheias a semente no momento propício e com arte consumada. Além disso, organizou uma vigilância para proteger a semeadura recente. Se depois apareceu o joio, foi porque não houve correspondência, porque os homens – os cristãos especialmente – adormeceram e permitiram que o inimigo se aproximasse”[2].


Mons. Javier Echevarría nos convidava a considerar que “essa realidade tem de mover-nos à contrição, à dor de amor, à reparação, mas nunca ao desalento ou ao pessimismo (...). Ao mesmo tempo, consideremos que já agora, na terra, o bem é maior que o mal, a graça é mais forte que o pecado, embora às vezes a sua ação seja menos visível”[3].


A parábola de Jesus deixa claro que o mal não vem de Deus, mas do inimigo, o maligno, que é astuto e semeia o mal no meio do bem, de modo que é difícil separá-los claramente, embora o justo Juiz seja capaz de fazê-lo. Mas não há necessidade de esperar que uma intervenção imediata pare o mal, porque Deus é paciente e misericordioso.


Os servidores estão impacientes para arrancar a cizânia, mas “ao contrário, Deus sabe esperar. Ele olha para o "campo" da vida de cada pessoa com paciência e misericórdia: vê muito melhor do que nós a sujeira e o mal, mas vê também os germes do bem e espera com confiança que eles amadureçam. Deus é paciente, sabe esperar. Como isto é bom! O nosso Deus é um Pai paciente que nos espera sempre, que nos aguarda com o coração na mão para nos receber e perdoar. Perdoa-nos sempre se formos ter com Ele”[4].


Deus é paciente porque sabe que mesmo o coração que está manchado há muito tempo, por muitos pecados pode mudar e dar bons frutos. Santo Agostinho, comentando essa parábola, contribui com sua experiência como pastor de almas e verifica que “muitos, primeiro são joio e depois tornam-se trigo bom”, de modo que é necessária paciência saudável, que não é indiferença ao mal: “Se eles, quando são malvados, não fossem tolerados com paciência, não chegariam à mudança louvável”[5].


O dono do campo não confunde o bem com o mal. Ele sabe o que é saudável e o que é prejudicial à saúde, mas não permite que os servos se precipitem para dar tempo à misericórdia. Jesus nos ensina a moderar o momento e a saber esperar: o que é ruim pode se transformar em algo bom. A conversão é possível e sempre há esperança de que isso aconteça.



[1] Catecismo da Igreja Católica, n. 827

[2] São Josemaria, É Cristo que passa, nº 123.

[3] Javier Echevarría, Carta 1º de agosto de 2013.

[4] Papa Francisco, Ângelus 20 de julho de 2014.

[5] Santo Agostinho, Quaest. septend. in Ev. sec. Matth., 12, 4: PL 35, 1371.





 
 

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